A onipresença do ídolo
- Amanda Grota
- 22 de nov. de 2021
- 3 min de leitura
Como o jornalismo musical deve reagir à proximidade entre fãs e artistas no século XXI
Os Ídolos musicais sempre existiram. Passando por todos os estilos e todas as décadas, encontramos artistas capazes de movimentar multidões, causar o choro e a histeria. O que todo fã mais almeja, afinal, é o contato: a possibilidade de ver, tocar e conhecer a fundo seu objeto de adoração. E fã que é fã tenta de tudo, seja colocar um grande pôster na parede do quarto, assistir horas e horas de entrevistas com o fulano de tal ou escrever cartinhas que talvez não sejam entregues.
Tudo isso ainda é uma realidade, mas agora com novos elementos. O avanço da tecnologia, a expansão da internet e a criação de novas redes sociais, transformaram a comunicação em muitos sentidos, incluindo a comunicação entre fã e ídolo. Os artistas estão em contato direto com o seu público, que tem a liberdade para responder e enviar mensagens simultâneas. Textos, fotos, vídeos e áudios possibilitam a presença - e divulgação - multimídia de cantores e bandas pelo mundo inteiro. As lives, bastante recorrentes durante a pandemia do Covid-19, são outro exemplo da proximidade alcançada no século XXI. Os próprios serviços de streaming, como o Spotify, fornecem curiosidades sobre a composição enquanto o usuário aproveita a faixa tocada.

E o jornalismo musical, uma grande ponte entre uma celebridade e seus seguidores, teve que se adaptar aos chamados tempos modernos. Agora, mesmo sem a ajuda de blogs, revistas e críticos, sabemos como nossas figuras favoritas se comportam, como falam, o que fazem e como se posicionam diante dos acontecimentos mais recentes. É muito comum, inclusive, que os usuários das redes, já acostumados com a nova dinâmica, se ocupem de cobrar os posicionamentos sobre causas que considerem relevantes dos famosos com a maior “voz”.
Qual é, então, o papel do jornalismo musical em um mundo tão facilmente conectado? De que valem as críticas de álbuns quando todos podem ouvi-los? Quais perguntas devem ser feitas em uma entrevista com alguém que já diz tanto? Quais curiosidades o público tem na era digital? O que nós podemos oferecer, que a internet por si só não pode? Apesar de as perguntas serem muitas, as respostas são consideravelmente simples.
O jornalismo ainda é a fonte de um conteúdo bem apurado, bem escrito e bem editado. A internet deve ser vista como uma aliada, uma possibilidade de atingir um público maior, principalmente pela multiplicidade de ferramentas. Se o segredo é estar onde as pessoas estão, esse é o caminho. A interação feita entre público e artista pode, e deve, ser usada como material e inspiração para pautas, pesquisas e entrevistas. É daí que descobrimos o que os fãs querem saber. É de uma boa crítica que pode surgir mais plateia para aquela banda mais ou menos conhecida. O interesse pelo jornalismo musical talvez venha de um nicho específico, mas já não era esse o caso?
O que todo fã mais almeja é o contato: a possibilidade de ver, tocar e conhecer a fundo seu objeto de adoração e nós podemos entregar tudo isso com ainda mais qualidade. A informação é sempre necessária, em todos os ramos, mas aqui ela é mais do que tudo, desejada. É nesse ponto que o jornalismo musical na era digital deve se apegar. O choro, a histeria e o poster em cima da cabeceira da cama é o que motiva o público a consumir tudo o que lhe for oferecido, então não devemos parar de oferecer.
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